segunda-feira, 23 de abril de 2018

AI QUE VONTADE DE MORDER





Na primeira etapa da vida, a criança ainda não domina a linguagem. Então, a forma que ela tem para se expressar, para se comunicar e interagir com os outros é pelos meios físicos, como morder, bater, puxar o cabelo. A criança não tem a habilidade para pedir favores, pedir algo emprestado, dizer que não gostou como os adultos, e deste modo, se manifesta fisicamente.

Isso não quer dizer que ela não gosta de quem ela morde, pelo contrário, ás vezes gosta e muito, assim como, a criança mordida não interpreta o ato de morder como algo ruim, tanto que, muitas vezes idolatra o mordedor.

As crianças que mordem se encontram na FASE ORAL, que é uma etapa do desenvolvimento que vai do nascimento até por volta de dois anos de idade. Nessa fase, é comum vermos crianças dando mordidas ao primeiro sinal de estresse. Este é um dos mais importantes e mais primitivos estágios do desenvolvimento infantil, quando a criança ainda é egocêntrica, ou seja, acredita que o mundo funciona e existe por sua causa, que é absolutamente compreensível nesta idade.

Geralmente a criança morde quando as situações a sua volta mudam, tais como mudança de sala; troca de professor; mãe e professora grávida; disputa por brinquedo ou querer atenção. A criança aprende a morder por observação ou imitação. Pode parecer estranho, mas quantas vezes olhamos uma criança linda e “fofinha” e comentamos, “ai que vontade de morder”. 

Quantos irmãozinhos mais velhos enchem a barriga do irmão mais novo de mordidas, justamente pelo fato de este último dar muitas gargalhadas. Assim, o ato de morder é associado junto à família com momentos de prazer, lazer e diversão. 


Quando a criança vai retratar isso na escola, ela é repreendida, chamam sua atenção e a cabecinha da criança vem um grande ponto de interrogação. Não consegue entender por que o ato é tão legal e ao mesmo tempo repreendido. Não que esta “mordidinha de amor” como é conhecida não possa acontecer, mas o ideal é manter essa criança informada de que as mordidas são muito legais. Nós os adultos devemos nos policiar com estas ações com crianças nesta idade, de querer morder por amor.

Em caso de mordida faz-se necessário a mediação do adulto (entender o que fez e pensar em outras formas de conseguir o que se deseja) e transformar a atitude corporal em uma atitude mediada pela linguagem.

Esse é um grande objetivo da educação, tanto da família quanto da escola. É importante possibilitar ao mordedor participar do processo de cuidados com a criança mordida, ajudar no curativo se for o caso, incentivar um pedido de desculpas e solicitar um abraço de reconciliação ao final, para que não fiquem mágoas ou medo. Mesmo sem uso da linguagem as crianças sabem como se reconciliar.    

Em relação à criança mordida, é fundamental minimizar os sentimentos negativos, criar situações para se estabelecer limites, e possibilitar que a criança mordida seja acolhida e incentivada a expressar seu descontentamento.

Jamais incentive o “REVIDAR”, pois isto pode causar medo na criança e pode resolver temporariamente, porém, não permitirá à criança a compreensão de ação e consequência. A criança que morde tem que entender que fez errado, que a boca tem outras utilidades e que tem outras maneiras de se comunicar com os amigos.

Se estas mordidas passam a ser frequentes, a criança pode estar insatisfeita, ansiosa, com sentimento de rejeição ou tentar chamar a atenção através da agressividade. Quando isso acontece, a família e a escola precisam acompanhar de perto e com atenção para descobrir as possíveis causas e dependendo do caso, é importante buscar a ajuda de um psicólogo.

Algumas medidas são importantes para evitar que a criança morda:
Se o seu filho tem o costume de morder, é muito importante que o vigie. Se pode tomar algumas medidas para que as mordidas não cheguem a ser concluídas:
1- Anime o seu filho(a) a conversar e falar com você, através de um jogo, de um desenho, de algum trabalho manual, etc.
2- Quando o seu filho(a) estiver brincando com outra criança, esteja sempre atenta a ele. Vigie o seu comportamento e oriente a forma de brincar entre eles.
3- Ensine ao seu filho(a) a compartilhar. Ele deve entender que ser amigo é também compartilhar.
4- Ensine ao seu filho(a) a esperar. Evite situações que possam irritá-lo ou cansá-lo, com frequência.

Em suma, é bom saber que: não há motivos para maiores preocupações, a mordida não significa não ser bem quisto, 95% das crianças que mordem estão dentro da normalidade, ensine que os atos têm consequências, o adulto deve fazer a mediação e o sofrimento é dos dois lados.

Além disso converse sempre! Quantas vezes for preciso! Com criança tudo é na base da repetição. Estimule sempre um pedido de desculpas. Se você perceber a necessidade de ameaçar com uma medida punitiva, combine o que acontecerá se o ato voltar a ser praticado e cumpra o combinado.
Na dúvida procure um profissional para lhe auxiliar.



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